Orígenes, assim como Clemente, julga desnecessário provar a existência de Deus, visto que todos a reconhecem. Ele se ocupa antes, em combater o politeísmo tentando demonstrar a unicidade do Deus cristão (P. Boehner, 2000: 56). Orígenes procura, através de agudas observações, a imaterialidade de Deus a partir da imaterialidade do espírito humano (Ibidem: 58). Diante de um mundo sensível que nos cerca é, pois, na espiritualidade de Deus, que se fundamenta a sua transcendência sobre todo o resto (Ibidem). Apesar da essência divina, em si mesma, nos ser incognoscível, podemos ter dela algum conhecimento através das suas criaturas. Existe, pois, uma teologia negativa que consiste em eliminar todo elemento corporal da natureza divina.
Além dessa teologia negativa, existe outra superlativa que ressalta a transcendência de Deus dando-Lhe conceitos puramente espirituais. (Ibidem: 59). Orígenes revela suas origens helenísticas sobretudo na maneira como entende a onipotência divina. Esta, segundo ele, é limitada, pois Deus nada pode fazer contra si mesmo, contra a razão ou contra as naturezas que Ele mesmo criou. Tal concepção procede a noção negativa que os gregos tinham de infinitude e do ilimitado. (Ibidem: 60).
Autor: Sávio de Laet
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