Pergunto ao leitor: quais eram as Artes Liberais estudadas nas Universidades Medievais? Pois bem: o ‘currículo’ se compunha de
1. Gramática
2. Retórica
3. Lógica
4. Música
5. Aritmética
6. Geometria
e…
7.Astrologia. Hoje, se costuma trocar o nome para Astronomia, termo que não era usado na Idade Média. Antes de qualquer discussão sobre o assunto, é mister fazer uma distinção entre a Astrologia pagã, a medieval (que era estritamente científica e não-divinatória) e a moderna (que é uma mistura de ocultismo e babaquice, como muitas outras modas do ‘Novo Milênio’). Segundo o antigo estudante de Astrologia que deixou de fazer dela profissão, Pedro Sette Câmara:
Se há alguma condenação clara e inequívoca da astrologia pelo Magistério da Igreja, não é possível ser católico e astrólogo. O problema que eu sempre encontrei esteve na parte do “clara e inequívoca” - a astrologia clássica (grega do período helenístico e romana) é muito diferente da medieval e renascentista, as duas são muito diferentes da moderna, e não temos a menor idéia de como era a astrologia de egípcios, babilônios etc. As condenações dos primórdios da Igreja são voltadas para a astrologia clássica, evidentemente em razão do fatalismo e de sua relação intrínseca com cultos pagãos. Sempre achei que nenhum povo jamais poderia ter sido imbecil o suficiente para cultuar o Sol em si, mas a verdade é que isto existiu mesmo. Uma vez vi uma condenação de um concílio local para “a astrologia e as matemáticas”: sabendo que a Igreja certamente não se oporia à simples idéia de fazer contas, vemos aí um exemplo extremo de texto antigo que não conseguimos entender porque nos falta o contexto – o qual, aliás, só pode ser reconstruído conjeturalmente. A condenação recente do Papa João Paulo II, na encíclica Fé e Razão, não apenas não tem valor magisterial (ainda que tenha tremendo valor moral) como se refere claramente à astrologia moderna.
Vejamos o que terá a dizer o Doutor Angélico sobre a consulta aos astros para a previsão do futuro:
5. Acerca da licitude da advinhação astrológica, temos seis textos, onde o ensinamento permanece constante ao longo da carreira de Santo Tomás, sem que se possa discernir uma evolução nem para mais nem para menos severidade. A doutrina resume-se a isto: não é supersticioso nem ilícito buscar prever pelos astros as secas, as chuvas etc. É supersticioso e ilícito buscar prever pelos astros as ações livres humanas, e, segundo a autoridade de Santo Agostinho, o demônio imiscui-se amiúde nesse gênero de consultas, que se tornam por isso mesmo um pacto com o demônio.
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