sexta-feira, 23 de maio de 2008

Prestai artenção à forma como escutais

Sermão atribuído a Santo Agostinho

Fonte

«Que cada um esteja sempre pronto para escutar, mas lento para falar» (Ti 1,19). Sim, irmãos, digo-vos francamente..., eu que muitas vezes vos falo a vosso pedido: a minha alegria é sem mancha quando me sento entre os ouvintes; a minha alegria é sem mancha quando escuto e não quando falo. É então que eu saboreio a palavra com toda a segurança; a minha satisfação não é ameaçada pela vanglória. Quando estamos sentados sobre a pedra sólida da verdade, como se recearia o percipício do orgulho? «Escutarei, diz o salmista, e encher-me-ás de alegria e de júbilo» (Sl 50,10). Nunca fico mais alegre do que quando escuto; é o nosso papel de ouvinte que nos mantém numa atitude de humildade.

Pelo contrário, quando tomamos a palavra... precisamos de uma certa retenção; mesmo se não cedo ao orgulho, tenho medo de o fazer. Mas, se escuto, ninguém pode roubar a minha alegria (Jo 16,22) porque ninguém é testemunha dela. É verdadeiramente a alegria do amigo do esposo de quem S. João diz que «fica de pé e escuta» (Jo 3,29). Fica de pé porque escuta. O primeiro homem, também, quando escutava Deus, ficava de pé; quando escutou a serpente, caíu. O amigo de esposo fica, pois, «transbordante de alegria à voz do Esposo»; o que faz a sua alegria não é a sua voz de pregador ou de profeta, mas a voz do próprio Esposo.

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